Médicos do COI apresentam técnica inédita utilizada no tratamento do câncer de fígado

Referência no tratamento do câncer nas regiões do Vale do Rio Pardo e Centro Serra, o Centro de Oncologia Integrado (COI) do Hospital Ana Nery conta com a colaboração do Dr. Silvio Balzan, cirurgião de fígado, vias biliares e pâncreas. O médico, que teve formação em um dos melhores centros mundiais da especialidade, o Hospital Beaujon (Universidade Paris VII, na França) e possui ainda doutorado em cirurgia digestiva pela Universidade de São Paulo (USP) e em patologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), trouxe destaque internacional ao município de Santa Cruz do Sul. Uma técnica cirúrgica inovadora, desenvolvida no hospital Ana Nery e que auxilia no tratamento de casos complexos de tumores do fígado, foi apresentada em fevereiro deste ano no congresso americano da Americas Hepato-Pancreato-Biliary Association (Associação americana de especialistas em doenças do fígado, vias biliares e pâncreas), em Miami. A repercussão foi bastante positiva entre os especialistas da área e resultou na recente publicação do novo método em revista de grande impacto mundial, o European Journal of Surgical Oncology (Jornal Europeu de Cirurgia Oncológica). Uma das áreas da cirurgia que mais tem se desenvolvido nos últimos anos é a que trata dos tumores do fígado. “Em muitos tipos de cânceres no fígado, a única opção de tratamento que resulta em cura consiste na retirada cirúrgica dos tumores, geralmente associada a um tratamento quimioterápico. Em alguns casos, existe a necessidade da retirada de grande parte do órgão, resultando em um volume de fígado residual muito pequeno, incompatível com as necessidades mínimas do corpo. Nós desenvolvemos um novo método para regular a entrada e a saída de sangue de determinadas regiões do fígado que serão retiradas, limitando seu crescimento, mas mantendo sua função até que a área a ser preservada atinja um tamanho satisfatório”, explica o médico. O método é resultado da observação de um efeito até então considerado como maléfico nas cirurgias de fígado, que é a dificuldade de saída do sangue do órgão após determinadas intervenções cirúrgicas. A técnica de “regulação da saída de sangue do fígado para direcionar sua regeneração” aumentará o número de casos que poderão receber um tratamento curativo. “Felizmente, podemos oferecer os melhores procedimentos disponíveis, com resultados muito semelhantes àqueles obtidos nos grandes centros mundiais de tratamento de tumores do fígado”, afirma o cirurgião. Dr Marcelo Dotto, oncologista do COI e diretor técnico do Instituto de Oncologia Saint Gallen, também ressalta que os resultados finais no tratamento dos tumores são frutos de um trabalho multidisciplinar, envolvendo profissionais de diversos setores, mas especialmente da ação conjunta do oncologista clínico e do cirurgião de fígado. A maioria dos tumores do fígado não determinam sintomas, e grande parte dos diagnósticos acontecem durante o acompanhamento de pacientes tratados por tumor em outro órgão, ou ainda nos casos de pacientes com cirrose e hepatite, que fazem exames periódicos para detecção precoce da doença no fígado. Os tumores de fígado tratados por cirurgia são na maioria das vezes originados de tumores do intestino grosso. No Brasil a estimativa é de cerca de 30.000 novos casos de tumores do intestino grosso a cada ano, sendo que metade destes pacientes apresentará em algum momento metástases no fígado. Dr Balzan, que tem publicações internacionais em renomadas revistas médicas, afirma: “A possibilidade de desenvolvermos uma técnica inovadora, capaz de propiciar um tratamento com possibilidade de cura para um número maior de pacientes, nos orgulha e estimula ainda mais na busca por melhores resultados”. A equipe já realizou um procedimento semelhante em Porto Alegre e profissionais de outros países, como Estados Unidos e Argentina, demonstraram interesse em prosseguir no desenvolvimento da técnica.